quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ei Mãe,
já sei o que vou ser quando crescer.
E Perdoe-me, se acaso tão cedo
eu morrer.
Não é culpa minha. Nem de ninguém.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Encantamento

Não precisa ir ainda.
A cor do ar sistematicamente muda ao molde seu.
Queres algo mais completo para ver se tu ficas por algum tempo mais?
Não há verdade nenhuma que um grito vicioso de amor para escutares.
Tá tudo bem, tudo em paz, quando as nossas almas se encontram.
Eu? Sou apegada. Eis a verdade.
- Choro tanto de abandono.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Que o Natal transcenda em vossas almas a poesia de um dia especial da maneira que cada um o celebre. Que o sorriso de uma criança devolva à sua face o mesmo sorriso. Porque o Natal me lembra muito a infância, um sentimento que deveria estar vivo a todo o momento.
Amo vocês.
Feliz Natal a todos.

Por mim

Eu não sei por que motivo escrevo. Mas diria que é uma forma de expressar um encantamento ou uma imaginação sentimentalista. Talvez eu deva mesclar estas três situações: Encanto/Imaginação/Sentimento. Tudo que escrevo é uma grande mentira, é uma grande verdade. Tudo o que escrevo sou eu. Ali é onde você me reconhece realmente. Não suporto que lhes retirem o perfume das minhas palavras. Se sou uma escrita emblemática, é porque assim deva ser eu, já que sou o espelho do que escrevo. Eu não sei falar muito. É melhor o silêncio na sua afirmação escrito.
Obrigada por estarem sempre por aqui estas almas sensíveis que me amam.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Metade

Composição: Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

- Acabei de escutar. Isto é muito lindo. É uma canção declamada.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Eles Três

Ele é um pedaço da minha alma gêmea. Elas duas são dois corações que andam pendurados e amarrados bem fortes na minha mão, de um jeito tão diferente do meu, mas tão imensamente apreciável de se conviver. Ele é um inconveniente de mãos cheias, grosso, mas algo simples e amável, conhecido tão bem por mim que dá raiva de sê-lo tão fundo. Elas duas são dois risos dos meus desastres absurdos, e mesmo quando sou a mais velha e a mais super protegida, amo-as de um modo concentrado. Ele é o mais difícil, sistemático e cúmplice dos meus crimes, casos, e basta um olhar fundo no meu para entender o que se passa ao redor: Gargalhada. Elas são razões pelas quais se devem sair de casa para passar a tarde falando besteiras, como crianças que sorriem sem pedir licença de alguém, e se todo mundo continuar olhando para a zona, nós nos abraçamos. Ele é o formidável, elas também são. E mesmo quando não me deixaram levar o refrigerante da padaria para casa, continuei amando-os ainda mais.

Para D.,S.,W.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Lembrança

Olhei aquela cara, com os olhos brilhando, dizendo para todos nós um simples:
- Eu amo vocês.
Amarrotei as pontas dos dedos das mãos, com uma emoção vidrada no rosto dele, de alguém pelo qual eu admirava. Emocionei-me pelo fato de constatar a verdade em seu rosto, segurando qualquer lágrima insistente em cair. Nada mais puro do que lhe agradecer pelo modo como fora um tipo de pai para mim e para toda aquela gente. Nada mais simples senão deixar claro e nítido o meu amor.
- É muito bom saber que vocês estão crescendo junto comigo, Carol. Aqui, de volta. Eu tentei fazer tudo o que eu pude, dei o meu máximo.
Não poderia esquecer aquele abraço, as palavras de um cara que foi por todo aquele tempo meu amigo e instrutor. Um abraço tão verdadeiro e simples, ecoando um agradecimento mútuo. Eu poderia ter dito: - Eu também te amo. Mas o silêncio prevaleceu quando eu saí pela porta com um ar de tristeza, na certeza de que tudo vai e nada volta. Mas a sensação de ter feito e dado o meu melhor, de ter fincado no meu peito boas amizades, é algo que o tempo não retira jamais.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mar

Ó bravio mar solto,
revolto às procelas do meu rosto,
encorberto ao som do exato golpe nas pedras.
Águas de imenso mistério profundo,
do mais nítido azul-esverdeado,
escuro, nítido, breve, tardio.
Singular eternidade que se perde no horizonte:
A Vida de Deus.
Pequenino ser humano sou eu,
na lonjura dos lábios Supremos dos céus,
com os olhos finos ardentes dum choro manso.
É mesmo esta distância da grandeza do Grande Ser,
distância ao qual remonto minhas mãos com um espanto,
e digo sorrindo sobre nossa desprezível força diante do Mar Bravio, Eterno, Belo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Começo do Inverno

Então me dei conta que finalmente era este o inverno premente a se instalar. Nem o céu turvo de nuvens densas deixou passar a evidência de que novembro era um passo para dezembro. Sentei-me com os pés na mesa, olhos baixos. Calei-me de vez com um conhaque ingerido na garganta de alguém que não sabe bebê-lo.
- Dezembro ainda vai chegar. Mês de ilusões amontoadas de paixões dilacerantes! Minhas grandes inspirações. Está começando a minha doença. Que não dure tanto tempo.

Amor Mais Que Discreto (Ilusão à Toa)

Porque estas letras são muito lindas.

(...)E isso é tanto que pinta no meu canto
Mas pode dispensar a fantasia
O sonho em branco e preto
Amor mais que discreto
Que é já uma alegria
Até mesmo sem ter o seu passado, seu tempo
O seu agora, seu antes, seu depois.
Sem ser remotamente
Se quer imaginado
Se quer...

Caetano Veloso

domingo, 7 de novembro de 2010

Flor,
doce flor,
acorde para o ar afável que te abriga.

É amanhã mesmo que as folhas desagradáveis passarão,
porque as pétalas desabrochadas de suas mãos são finos tecidos presos.
Quando soltos, abrigam a calmaria das ondas no auge.

Flor,
doce flor,
acorde para o ar afável que te abriga.

Acorde para o mesmo ar estável de um sorriso,
breve, belo, conciso.
Os cilios são os mesmos, as pétalas distorcidas e a pequena figura antiga.

Ah, não esqueça de amanhã fluir no teu perfume,
atirando-o no jardim dos outros o mesmo encanto,
a mesma voz amável abrandável.

sábado, 6 de novembro de 2010

Forrest Gump


"Eu não sei se cada um de nós tem um destino, ou se estamos flutuando acidentalmente pela brisa. Pode ser os dois". Forrest Gump

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Deixe-me quieta num canto,
chega de tantos assuntos que envolvam as artes.
Tem crianças morrendo enquanto discute-se,
enquanto discute-se o próximo foguete que tocará os céus de Deus.
Deixe-me quieta num canto,
porque eu preciso entender o modo como se amortalham tão rápido.
Eu preciso entender o porquê destes atos.
Mas o que diabos escrevo eu?
O que falo com tudo isso?
Eu não sei, sinceramente. Não gosto de ficar calada. Sou calada.
Mas eu não entendo o canto rude destas vozes,
quando tem crianças morrendo.
Vá à merda! Façamos o que as nossas mãos está à vista.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Uma Flor


Se eu pudesse dizer-te uma palavra que brotasse uma flor, eu diria.
Mas coração machucado quanto nosso é somente o nosso
E tu sabes bem o que ele significa
Eu não sei falar muita coisa não
Mas se eu pudesse dizer-te uma palavra que brotasse uma flor, eu diria.
Mas sou muda, com olhos que te cuidam.
Eu não sei falar muitas coisas
Mas se eu pudesse dizer-te alguma palavra que brotasse uma flor, eu diria.
Para que um sorriso abrandasse a noite que dói no infinito

-Amar dói?
-Acho que sim. Mas já estou ficando dormente. Isto é um bom sinal. Não chore mais, não estás na solidão. Estou aqui. Eu te amo, ora!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Onde Estará a Poesia, Meu Amigo?


Onde estará a poesia, meu amigo?
Bebida do cálice etéreo divino
Onde estará?
E esta mancha, complexa,
que mutila as horas,
o ser.

Onde estará a poesia, meu amigo?
Bebida do cálice etéreo divino
O formidável consentimento,
ou as estrelas apagando-se por enfermo.
A arma apontada no rosto sã de um ser primata
Por onde andará ela?

Vê-se passar o tempo e a loucura,
e a ternura escondida no escuro.
Não escuto o ar abrandar-me a desordem,
de um passo curto tímido e amedrontador.
Contrarie a ação dos homens que doem,
deixando claro um soluço disperso, que nunca cura.

Onde andará a poesia, meu amigo?
Quando o amanhã abastece-se de um fato cúmplice de outrora
Quando os passos dados são profundos e retiram a liberdade
Quando dói tê-la a vida mais sorridente,
e não compactuá-la assim com um singelo abrigo.

Onde andará aquele moço contestador, amante do combate à desordem?
Meu amigo, aquele amigo da nossa poesia.

Para F.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Qual o ato mais simples que não o amar? Mesmo exato ou sem rumo, daqueles sentimentos que estabelecem a fúria. Ou não. Mas me diga qual é o ato mais simples que não o amar? Cada instante que passa e que converso com Deus, tenho a nítida impressão de que nada faz sentido quando me convenço daquele vazio que existe no sorriso das pessoas. Nada faz sentido se vens ao mundo somente para se contemplar de seus próprios atos deslumbrantes. Nada faz sentido quando não amas os outros como a si próprio, sem o medo constante da decepção, sem pedir nada em troca. Nem um sorriso qualquer. Por favor, perdoem-me não vos definir este ato, não caberia, seria impróprio, vulgar, pois conceituar e conceituar é retirar o perfume das sensações antes mesmo de senti-las. Mas a cada dia que passa me convenço de que não vim –eu- ao mundo com o rosto inibido para ecoar os meus sonhos. Não são meus estes sonhos. Nada que faça é por mim, e embora eu seja uma excêntrica egoísta, eu vivo deste amor amansador do caos que degenera. Mesmo assim, ainda amo com uma necessidade incurável. Não há bem maior que fazer o bem, mesmo quando o amor no mundo banaliza-se, e vive constantemente distante, a cada passo, distante... Mesmo assim... Ame também.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Canção do Senhor da Guerra

Composição: Da Legião Urbana.

(...)
Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção...

Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Prá que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação...

Existe alguém
Que está contando com você
Prá lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer...

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação...

O senhor da guerra
Não gosta de crianças...
Seu merda!

- Trechos de algumas partes desta canção. O senhor da guerra não gosta de crianças, Renato.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vá logo, por favor.
Amanhã a manhã encerra a noite e faz brotar de seu ventre um outro sorriso.
Vá logo, eu não sinto.
Ontem é um estado de absoluto desespero
Eu me acato de um sorriso
Porque eu tenho tão bons amigos.
E um sorriso desprendido de seus rostos
faz nascer um brilho distante em minhas mãos.
Sou criança velha, presa no choro.
Mas o riso alto e solto é real
Eles e a singeleza do amor
Do meu amor inacabado, machucado.
Do meu amor afável, do meu único e infindável amor.

- Um sorriso.

domingo, 24 de outubro de 2010

O Anjo Mais Velho

Composição: O Teatro Mágico

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar

- Então eu vou acreditar que esta canção tem o meu rosto, dando um sorriso num ar que legitima muito peso. Singeleza.

sábado, 23 de outubro de 2010

Fenda

Buraco,
fundo,
buraco feito,
junto,
Nem um pouco traçado,
manipulado, infame buraco.

Medo,
colorido,
flor e estátua,
e o buraco,
sempre ali,
mal traçado.

Amor. Conheces?

Apareceu-me à vista saudando um sorriso com os lábios. Reciprocidade. A bolsa estava tão pesada que minha impaciência pela chegada do ônibus era notável.
Perguntou-me assim meio sem jeito se estava tudo bem. Respondi com um sorriso simples que sim. Mas como sempre era de sua futilidade satirizar-me, desta vez com os olhos sérios perguntou-me mais uma vez:
- Estás bem? Porque sempre pensei que esta tua palidez te dá um ar de doente, com as pálpebras meio caídas e um olhar distante.
Dei-lhe um riso envergonhado, mas alto, com o rosto corando e disse, quando já se vinha o ônibus (graças!):
- Mas sou um doente! Vivo assim, ao costume de estar febrio. Esta é a minha doença. Doença sem cura, entende? É por isso que sempre me encontras assim.
Narcisismo demais não ter compreendido. E todos aqueles conhecimentos sobre qualquer coisa eu não gostaria de tê-los para sobressaltar um espírito egocêntrico. É, eu realmente não sabia ou não sei de nada. Mas não há ninguém que a deturpe. A minha doença (que não é o conhecimento). Devo ter tocado em sua ferida. Sim, toquei. De dentro do ônibus vi breve seus olhos procurando algo. Como de costume. Acenei com as mãos e um piscar do olho direito. Acenou-me sem gosto. Por assim querer.

sábado, 16 de outubro de 2010

À Pequenina Borboleta

Tem um serzinho que vive dentro do meu coração como alguém que chegou e se instalou sem que eu nem me desse conta. Pois justo hoje completa ele mais uma primavera pronto a transitar. Uma humilde homenagem aqui no meu espaço. Não poderia deixar de fazê-la. O meu desejo é que coisas boas acatem tua vida, e quanto ao outro lado não precisa temer. Tenho duas mãos abertas para simplesmente abrandar quando puder.

Meus parabéns, que a felicidade pinte no seu rosto versos de uma poesia!

Para Izavanna. Querida e amada Iza.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pois ouvir ainda falar de humildade é um pequeno ato que não tem mais esmero. Sinto-me suja. Fique mudo, pense, faça com os olhos ou com as mãos sem permissão. Ficar mudo. E pensar o bastante para ter em voz os fatos verdadeiros. Avaliar-se aos conceitos dos seguintes é, definitivamente, estado de insegurança. Para que demonstrar o ápice da aptidão, quando na aptidão não há o ingênuo segredo de revelá-la com brandura? É por isso que necessito ficar muda, já que nada sei. Humildade é um dom que se inclina em um dos braços seus e precisa ser carregada com as duas mãos. E tê-las belas como o feito da aurora quando dorme. Assim tão tranqüila. Pois se almejar deste estado de graça mais lindo e admirável do ser humano não é fazer brotar ou se instalar. É do merecedor esta dádiva, porque bem feitor da vida é. Não de si mesmo, mas acima de tudo, dos outros.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um Amigo Meu


Pois uma falta assim
Análoga a outra falta
Desencadeada na cara
Já que os olhos meus acordaram emergentes
Falta, falta, eu sinto tua falta.
Falada, exposta.
Tu sentes minha falta
Silenciada, transparente.
Se tu soubesses como estou com medo, tu aparecerias para me contar histórias mentirosas. Sinceras.

A mesma pergunta válida:
- O que tu farias se tivesse algum tipo de poder?
- Voltaria a ser criança.
- Eu também. Ah, nossa foto continua ainda aqui. Realmente tu não me esqueces.

Para W.

Love Street

Composição: The Doors

She lives on love street
Lingers long on love street
She has a house and garden
I would like to see what happens

She has robes and
She has monkies
lazy diamond-studded flunkies
She has wisdom and
knows what to do

She has me and she has you

I see you live on love street
Ihere`s a store where the creatures meet
I wonder what they do in there
Summer sunday and a year
I guess i like it fine
So far

She lives on love street
Lingers long on love street
She has a house and garden
I would like to see what happens

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Explicação de Poesia sem Ninguém Explicar

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Adélia Prado.

E esta é a sina de todos. Minha sina. Minha dor.

domingo, 3 de outubro de 2010

Pequena Flor

Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
e se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

e vê passarem as leves borboletas livremente,
e ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
e o sol claro do dia as claras estátuas beijando sente,

e espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
pousado, trêmulo, e sabe que talvez o vento
a libertasse, porém a desprenderia do galho,

e esse temor e esperança aguarda o mistério transida
- assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida

Cecília Meireles

- Ultimamente ela tem sido uma grande amiga. Grande presente este. Salva-me todos os dias.

sábado, 2 de outubro de 2010

Insensatez

Ela saiu perturbada lá de dentro,
o frasco de vinho derramado de um lado, a taça de outro.
Segurei-a pelos braços feito um ser tonto do cheiro que a exalava
O ar, a jaqueta marrom suja de batom esmagado, a peça que pregaste lá fora.
Eu te odiei exageradamente por um instante preciso que me desenvolveu
Estávamos parecendo vagabundos jogados à beira da rua
O frio que pairava nos cabelos estava horrível e penetrante nas narinas
Estúpida! Estúpida!
Teu sonho é este mesmo?
Fica aí, que vou embora estalando os pés até morrer de dor.
Pega este teu cigarro sujo
Isto, mate-me!
Ama-me, mate-me!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sinto tudo de novo o freme
Caos, caos!
Meu ser é um verdadeiro caos
Tô mais que ferrada, simplória, sem glória.
Os cascos do navio estão envoltos às águas
Você não vê, senhor?
Eu não vou voltar a tê-los exatos novamente
Tu não entendes?
Sim, estou falando dos meus olhos.
Não os reconheci na noite passado
Estão me matando, senhor.
Não sei, só não gostaria de morrer com ou por eles.
Mas eu estou morrendo, parecendo um jovem que possui rugas no rosto.
Tenho medo, medo, desta imundice. Quero ficar só, porque o sorriso daquelas crianças são muito mais lindos.
Vocês só me matam e ele assim sem jeito me pergunta quem me faz isto. Ame-me assim mesmo tu.
Tira a mão do meu ombro, não quero falar com ninguém, nem cantar feito louco.
Hoje não. Hoje solidão.

Vá à merda, me deixa.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tristeza que dá


Pousam-me seus braços parecendo asas de borboletas,
no tracejar da noite que orvalha o sopro das pequenas cenas nítidas.
Sei cada coisa que fazes
Por isso reajo assim sem muita rapidez
É que eu não tenho jeito para nada
Mas não me desprendo
A única sensação que entorpece são estas intrigas
Vez ou outra assombram-nos a vida

Mas estes seus braços
Pousam-me num abraço, na tristeza coesa.
Transmutando-me qualquer bobagem convicta e séria
Enquanto Zeca declama sem muitas esperanças:
- Preciso transfundir teu sangue pro meu coração que é tão vagabundo!

Tudo sem forma, sem aspecto.
Mas é que este órgão apega-se sem graça,
sem nada nas mãos.
Uns versos sem sentidos, somente.

Um sorriso breve e preciso

Estas palavras valem a pena. Se perguntarem sobre elas farei silêncio, como sempre faço. Não suporto retirar as coisas delicadas. As palavras são assim mesmo. É um infinito de coisas amarrotadas ou não. Fico muda.

sábado, 11 de setembro de 2010

Vá se danar, Virgínia! Não me faça chorar.


Vá se danar, Virgínia!
Odeio o cheiro do cigarro que assola no teu casaco
Parece menina que não tem razão matando-me assim
À noite o sonho a envolve feito louca fadigando estas minhas mãos
Eu odeio você! E pronto.

Partiu assim, sem voltar ao menos para vê-la a face. E com um lenço vermelho acenou de costas com as pálpebras baixas. Saberia lá se ela está amando-lhe. Talvez fosse isto que crucificasse seus membros e tivesse vontade de matá-la.
Marcava-se já onze e meia, o frio vestiu-lhe o corpo de uma forma tão incômoda, depois de léguas distantes, que correu com os lábios tremendo sem juízo e gritando:
- Virgínia, eu te amo!
Ninguém escutava. Poderia gritar pelo resto da noite. Mas por isso que gritava! Enquanto Virgínia em seus sonhos reinava em outros braços. Deitou-se num banco de uma praça e adormeceu parecendo criança quando não se consegue aquilo que possui brandura. Pobre ser. Que penoso suas mãos jogadas ali pela grama.
- Está morrendo de amores. Ouviu-se um estranho comentando com outros dois.
- Dá para sentir pelo ar que ele respira.

Sobre Virgínia ninguém sabia. Sabe-se lá onde estava ela, o que fazia, quem ama, como sorria. E isto o matava. Ó, pobre ser. Ainda soou uma apreciável palavra sobre ela enquanto dormia. Mas ninguém o escutou, ninguém o escutava.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tu nem viste.
Mas ela viu a cor dos seus olhos com fábulas de uma criança.
Será mesmo que ela vê tudo isso?
Disse que havia visto. E parece que uma energia emanou nos braços tão emotiva que um beijo nos teus cabelos enrolados seriam um consolo tão afável quanto as mãos dela macias e jovens.
Tu nem viste.
Mas ela viu a cor destes olhos e desta face mudarem mesmo de cor!
Era um espião com irradiações tão bonitas que se pôde sentir tão profundamente o pulsar do seu coração.
Mas tu sabes. Sabes que a alma dela é ao teu canto um ar azul e terno.
Esta é a causa. Ja dizia tu não é mesmo?
Passo fundo este que comove a solidão. E deixa profundos vestígios de um grande coração. Pedaço de um outro retirado. Mas este outro volta. Sempre volta.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estrela Vagabunda


Perdoem-me desde já o louco canto tímido que ecoa no meu peito. Feito um grito embaraçoso que não é posto para fora. Que merda!
Timidez, esta incômoda que dorme acanhada nos meus braços feito fonte de necessidade.
Ó coração, que tristeza mesmo que és tu. Transpõem-se assim tão nu e escondido ali, em um dos cantos da casa. Não tens membros para se apoiar? Pena que não respondes nunca. E quando me responde traz sempre nós de gente que não sabem o que desejam. E como eu os desejaria. E mesmo assim nunca morres.
Perdoe-me tu, minha mãe, o meu sonhar mais estranho de coisas distantes e tão utópicas. Mas se o Criador gerou-me para que o teu ventre me concebesse assim, é por que assim tem de ser. Perdoe-me o egoísmo que mata os seres, ou uns aos outros. Perdoe-me os meus olhos sempre acanhados e dispersos e sonhadores.
Perdoem-me os seres que vivem à cerca dos ares, que os assolam os homens, que os liquidam entre a mais singela beleza da mãe Natura e os destroços dos ventos criados para destruição. Perdoem-me meus seres Divinos.
Veja só como os barulhos dos carros são tão altos aqui. E isto dilacera as almas. Não gostaria que sentisses medo, eu nunca largarei da tua mão, embora possas tu largar da minha. É como acontece. Traumas.
Inconstância esta. Desnecessária. Será que ninguém absorve amor algum, mesmo ingênuo e fraco? Será que ninguém absorve amor algum?
Perdoem-me este fato, e como é gerado isto tudo dentro de mim. Meu amor é infinito e demasiado e sempre chora. Sempre. E já me tenho por um cansaço que mora aqui dentro de mim. Feito a poesia que aquele senhor barbado ousou conceituar-me. Não sou um ser merecedor deste acaso.
Somente sou um farejar de sonhos e histórias inacabáveis de amor. Sou um astro vagabundo que pinta as paredes de vermelho, enquanto fogem para longe dos meus trilhos.
Gosto sim do meu sorriso, não me chame de hipócrita, ele é o que há de mais terno na minha face. Volto a ser menino pequeno.

- Acorde-me já, com o acorde menor do violão banhando em minhas retinas o brilho sistemático que me reduz deste mundo ao mundo de Deus. Melodias.

Ei, Cara, eu tenho tanta coisa boa na minha vida. Muito obrigada por isso. E por toda luz possível.

sábado, 4 de setembro de 2010

O Quarto de Jack é o Espírito de Jack


É sem dúvida sua face estampada ali
Naquele quarto meio escuro meio claro
Está ali sua face estampada
É o sentimento notório que há quando se põem os pés ali
Ou será que foi só eu que o senti?
Eu acho que se atraem borboletas perto das suas mãos
Dá para ver quando o escândalo que abusam da sua alma acalma-se
Dá para ver quando teu canto ecoa
E mesmo parecendo um anjo com asas quebradas há sim uma flor que nasce no seu tapete
E cresce para os trilhos do mundo com ares inclusos de amor
Eu o conheço. E o seu coração também. Ele precisa tanto sorrir. Acredite, eu acredito tanto em ti.
E mesmo quando o ronco barulhento do mundo lá fora for tão aterrorizador, não há problema. Por que não chorar?
Tu és um amor que evapora. Absorve-o aquele que o ousa adentrar.
É sem dúvida sua face estampada ali
Assim como a ternura da expressão dos seus olhos
Mesmo reclusos, alheios, estranhos, nós somos a cura um do outro.
Espero, felizmente, que tu sejas um daqueles homens de verdade quando crescermos. Porque eu acredito em ti.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Vento Passado de Agosto


Vento Passado de Agosto
Vento vasto do encantamento do teu rosto.
O espiríto mágico da porta dos fundos que chega
Eu sabia que virias, criança.

O Teatro, o piano, a criança.
O cheiro do ar relativo como uma dança

Suspenso o estado do tempo
Não eras tu mesmo o túmulo convulsivo da minha voz
Não era
És uma criança que molda o senhor estado dos meus olhos. Agora.

O Teatro, o piano, a criança.
O cheiro do ar relativo como uma dança

Confesso que sejam eles mesmos olhos de frutos
Aperriados demais
E tu não sabes o poder do sagrado?
És uma graça. Sou uma graça.

Doei o ódio às carcaças do mundo
Para te conceder o amor como um fluxo
Perdoe-me, mas eu não sei de nada.
E talvez seja por isso que eu seja também uma criança que te ama.

Um sorriso.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De Cordas


Desde o átrio longo o cheiro exarcebado
No contínuo recebimento consenti ser ele mesmo
Apareceria ao lado esquerdo da porta
Bem nos fundos com exatos aromas de madeira antiga
Dedos de cordas antigas
Do fascínio exato do meu sangue congelando
Pus no chão meu corpo a venerá-lo o seu sem ninguém
Vazio e solitário
É um amante dos meus olhos intactos inertes calados
Lábios meus calados
Tristeza que à alma tracejava tão bela e amarga desta maneira
Que ao ver-te imóvel e exato
Um choro sã desabrochou
Calei-me puramente com tudo o que ele havia retirado
Retirou-me tudo o que havia
E com os meus dedos maltratados dei-me num ar à moça das fotos
Eu gostaria de ficar aqui até o findar da respiração
Não precisas tu ficares
Deixe-me ficar com ele até os meus dedos amofinarem junto às cordas
Que hão de se dispersar nos ares
Não se preocupe comigo
É isto que eu amo como o ar mais verdadeiro e calmo de mim
É isto que eu amo
Desde o adorável momento que soou a harmônica sonoridade
Distribuída aos ouvidos na infância
Sossegue-me com os olhos e vá
Diga a quem quer que seja que é a única tristeza desdenhada de beleza
Cuja cura é devolvida sem procurá-la de um modo tão dissimulado
Não a procuro pois a de vir
Deixe-me aqui porque o dia hoje concede brandura
E um choro emotivo quase posto com um vômito

domingo, 15 de agosto de 2010

O que é isso?



- Eu deveria não ter nascido com um coração!

- Vamos, você está com os olhos embaçados. Venha que eu te levo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contorno da Noite


Minha mãe, não me acorde.

À noite os bondes andam, os pés progridem por entre os trilhos com aroma de flores.
Pinta-se poesia em nossos dedos
À noite o canto dos homens perecem e o meu caos é bem menor quando na sonata do dia

De dia eu durmo
Minha mãe, não me acorde.
De dia o mundo acontece, mata-me sabê-lo. Definho.

À noite eu me inspiro e convivo
Com o estado de cura que os cantos me fazem
Eu vivo, assisto vossos olhos descansarem.
Enquanto rompemos com o medo da condição de si
Enquanto sopramos estrelas no ar
Da influência exercida dos astros
Nós somos um caos, meu bem.

E tu deverias imaginar a dimensão do nosso egoísmo
Correndo assim como quem busca os ares dispersos
E de tanto segurar-se em meu coração
Este vago chão frio que pisas aprontar-se-á graúdo

"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."
(Trecho de Poema de Sete Faces de Drummond)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Insônia


A porta da geladeira aberta,
a noite e o chão,
frios,
e o molde das horas estranhas.
Insônia
Espalhado no ar o frasco de sombras
Você é que é esta dança
Parece-se, definitivamente, muito com ela.
Minha insônia
Os olhos em atrito
Suplanta de cor que o cegue
Pede, invoca e chora.
É só um doce pecado
Doce insônia esta
Relativa insônia

sábado, 7 de agosto de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira


... O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira. Ninguém lhe soube responder. A rapariga dos óculos escuros pediu-lhe que ligasse o rádio. talvez dessem notícias. Deram-nas mais tarde, entretanto estiveram a ouvir um pouco de música. Em certa altura apareceram à porta da camarata uns quantos cegos, um deles disse, Que pena não ter trazido a guitarra. As notícias não foram animadoras, corria o rumor de estar para breve a formação de um governo de unidade e salvação nacional...

José Saramago

- Trecho retirado do livro que tem o mesmo título acima.

Obs.: As palavras parecem um pouco embaralhadas, mas é o modo como o autor escreve.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Asco, ardo!


O asco presente que me há não é culpa minha
E por que Julgaria vós por esta lástima de rua que posso andar?
De quem é a culpa?
Se hoje mesmo dispusessem-me desta pergunta estaria mais convicente do estado do mundo
Sobretudo do ser humano a perder-se dentro de si mesmo
Como um istrumento de forma invariável que se petrifica com contos de amor
Não me reconheço como um decente que exibe os olhos a enxergar a clareza e o arranjo social cômodo
Não sei definitivamente de nada que me possa perguntar
Nem de quem seja a culpa
Deste tão absurdo volume de bens que suplantam nas mãos de uns e perpassam somente às mãos de outros
Nem se quer do estrago da educação merecida destas crianças que volta e meia assombram-se na escuridão de meia-noite
Não sei de quem seja a culpa
O asco, o fado, o cansaço.
Doar-se demais é besteira
Assim como o prezado sentimento que há
Ninguém pode reconhecer
Isto é só um instrumento de forma invariável que se petrifica com atos de bem

E eu?
Sou apenas um ser covarde, um inerme que morre de amores.

sábado, 24 de julho de 2010

Impermanência


O barulho na mesa estava revelando-me um sono num ato autônomo que desprendia o pensamento do mundo. Perdurava o barulho. Um caos que se mistura ao que anda pairando no meu coração. Uns estalos de violão nas cordas com sétima lançaram-se com a ternura das palavras que somam poesia no ar, que pendurava tão simplória a lua, deserta e sempre nua. Um barulho! Estorvo barulho! E os estalos do violão com sétima. Agora em tom menor. E por efeito próprio de quem o embalava, respirava como um ser vivo a harmonia num som que entorna solidão e um ensejo constante que enfada, não mata. As letras são mistérios cortantes da alma expressas agora na claridade da música que a sujeita à poesia de recebê-la o ouvidor, que loucamente adormece com a dor. É herança que tenho visto e de costume presenciado. O barulho na mesa estava caótico. Os olhos surpresos e frágeis de tanta impaciência estavam também caóticos. Papai virou-se também impaciente – parece-se mesmo comigo – como quem estivesse sentindo nojo do deserto que são algumas pessoas. Meus pés já quentes, as mãos vazias e um choro engasgado. Uma saudade de você, e vocês... Um pergunta suplantava já quase meia - noite, no que estava ao encontro, no meu coração. Acho que eu é que sou um caos.

domingo, 18 de julho de 2010

É Fácil

Composição:
Arnaldo Baptista

Eu me amo
Como eu amo você
É fácil
É fácil

- Do Cd "Loki", uma das obras artísticas musicais brasileiras mais lindas. Algo que expressa a beleza que é a tristeza dentro do peito de um ser humano. Posso conceituar nestas palavras: Sensível e ao mesmo tempo frágil, embora sejam estes adjetivos que atribuo, relacionamentos diferentes. Música que toca a alma.

"Demasia q és, amor! Pareço uma criança que vive longe da infância. Todo mundo está indo embora. E eu sempre estou só. Eles sempre me deixam só, com o coração quebrado. Eles são mentirosos. Acho que mamãe vai trazer chocolates desta vez. Ela sempre traz..."

sábado, 17 de julho de 2010

Lascivo



Teu corpo esmorecido no meu ao passo de te sentir as mãos dilatarem e os pêlos dos teus braços invadirem-me as costas sem consentimento decisivo. Um intruso pintando os meus seios com dedos frios complacentes, que pareciam durar tanto quanto a imortalidade do colosso céu azul.
Teu corpo esmorecido no meu ao passo de te tomar os lábios como um último alimento que supriria os meus no ato de um longo desejo que mata, dilacera as vestes. Eis que o farto cheiro teu de pele consentia no abuso de desconcertar os sentidos, enquanto o interior de mim sorria do acaso, ditando um ato de palavras para te encobrir o rosto. Já inevitavelmente nu.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Rock and Roll


Conceituar-lhe o rock and roll está fora dos meus princípios. Mas posso dizer-lhes da tamanha importância que foi como ideologia na minha vida. E é ainda. Não há palavras, sem exagero - que pensem- que possam expressar o sentimento que se expande em mim sobre isto. Foi o princípio do meu amor pela música, da minha poesia, do caos que se espalha pela suas veias. Tudo o que há nele é viajante, sedutor, sensual, caótico, crítico, dissimulado, obscuro... Há tudo que queiras ver. É uma grande paixão que me difunde por tudo o que houve ou há. Fica. E que possamos dar vida longa ao rock and roll, aos seus eternos. Viva ao rock and roll, baby!



"A música rock veio mudar as tradicionais músicas dos homens de negócios para uma música mais livre e sem preconceitos. A música rock reflete um comportamento erótico, para alguns destrutivo, mas na minha opinião é
apenas um meio de desabar as estruturas[...]. A música rock trouxe uma nova concepção de som e música."

Cazuza


Trovador Solitário

Acorde
Só por hoje
Subvertendo mais uma vez teu silêncio de pássaro
Para os ouvidos do mundo
Acorde
Só por hoje
Mas não se demore à estupidez precisa deste lado
Que corrói a sede de seres mágicos
“Que de tanto acreditar em tudo o que achávamos tão certo,
teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais,
faríamos floresta no deserto...”
Acorde
Só por hoje
Com o grito teu de protesto exarcebado
Mais uma vez
Para a minha esperança da perfeição

Eterna Legião. Pedaços de letras que me invadem o ser.

Obrigada por esta ruptura minha, ó Deus. Obrigada pelo rock and roll!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pois os dias em que precisares de mim sejam os dias mais verdadeiros. Pois sou isso. Sou doar-se, e nas tempestades um bicho que se esconde. Tenho medo, mas nunca hei de te negar nenhum frasco de luz que possa existir em minhas veias. Você, acima de tudo. Eu não valho nada. E eu nem sei por que se escondem dentro de mim. Deve ser por que me escondo dentro de vós.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Carta de Um Rei Com os Lábios Dormentes

Tu, ó Deus, que me concedeste a juventude que branda arde no soluço que não se solta de tanta dor que falo e a corto como quem decepa as estrelas ao meio. Assim que me ateiam. Assim que me desassossego. Assim que me vejo um tanto quanto velho.
E como as correntezas que se vão ao rio mais próximo de minha estadia, empurro-me nessa cobiça desde quando soube do frasco que sou quando transbordo sem fé. Desapareço. Firme vou-me por entre os estreitos braços de água. Que nunca foram, nunca serão meus.
Enquanto a mão horrenda dos homens despedaça meus olhos e cantam lamúrias aqui perto de mim, corro sem que nada faça eu contra seus fracassos. Calo-me, mesmo sem um consentimento que me faça acreditar. Sou asco. Por que sou eu assim? A verdade é que esse é o meu estrago. Enquanto a paixão que assopra delicadamente minhas veias seja com exatidão outro declínio de minha voz. Atormenta e cala. E passa. Ou mata.
Tu, ó Deus, que em minha mesa concedes o acúmulo dos bens mais preciosos que se possam ter em mãos, é um grande estar de acordo com o ar que sopra nuvens aos ares, onde o meu caminho apazigua-se em correr sobre elas. Onde eu me afogo de tanto amor nos lábios pálidos. Onde somos todos assim sem feição.

- Dor.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Lua

Despontou-me no ar suspensa e sedutora com ares de uma luz demasiada que enfeita e excita a natureza que a abrange. Euforia nos meus dedos das mãos e dos pés.
- Não quero a todo o custo o que me pedes, mente insensata. Eu não quero. Sou solidão. Sou egoísta.

domingo, 27 de junho de 2010

Nada de impune no meu seio
Pois tudo o que amo parece amor de menina
Parece amor de uma criança que canta e chora com feição
Eu vivo deste tipo de cálice que nao sei dizer-lhes se incomoda
Mas é um vento que molda
Pareço pulsar da cama quando nos sonhos em que apareces ou aparecem
Pareço romper comigo mesmo o fado que contradiz
E seja isso quem sabe o que atormenta
De onde é que surgi, Deus?
Enquanto estou a cá com interrogações que passeiam sobre os braços
Com tantas vagas lembranças de paralisações que por estes olhos foram feitas
É tudo muito sem nexo para vós
E para mim um vasto jardim com rosas perfumadas que deturpam e entorpecem
Eu sei lá de que substância fui feita! Eu sei de tanta coisa... Mas não sei nada sobre as interrogações que passeiam sobre os braços meus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Junho Passado

Ninguém que saiba da negruma que são os olhos teus disfarçados de glória. Ninguém vê. Ninguém nos viu os olhos a conhecer-se um ao outro.
Enquanto a noite ali, corria tão forte quanto nós em impulsos que parlisavam. Inquietude da alma e o banco com o meu corpo sentado. Nada mais.
Teu vasto cheiro que nada intediava, além do som que nos perturbava os ouvidos tão longíquos.
Eu não estava ali, e nem sei se estavas tu, no mergulhar do coro interno dos dois olhos, como eu olho, como olhei.
E a nítida tristeza que me fez ver-te a brancura da alma com os laços entrelaçados, medo, aço. E um sorriso singelo num embaraço que devolveu
a beleza do teu rosto que nada encontra com satisfação. Emblema que és, eu não te conheço, nem faço a questão.
Só vejo o vestígio do que foi ali no banco ao lado da árvore, o teu coração.

domingo, 13 de junho de 2010

O cansaço e a certeza de que o presente é tão breve quanto a alegria do ser humano. Nada me curva diante dessa história imperfeita que estou sendo imposta a fazê-la. Sempre foi imposto e é algo que se precisa apostar para que sua vida esteja de acordo com o que é imposto. Sim, novamente "impor". É o que mais deprime a alma de um ser. Parece às vezes que o som da rua que eu ando quando acordo com os olhos inchados não me socorre. Açoita. E o corpo pesa, porque nada está de acordo com os olhos meus, como eles são. Tem um anjo que se mistura por ali muitas das vezes, outro ser surreal, um tristonho com a pluma que encanta, outros que ferem, e é tudo muito belo. E está tudo isso aqui dentro. Tenho o mundo inteiro dentro de mim e eu preciso vomitá-lo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O vasto sopro que contém os olhos teus é um impulso para os meus pés circularem, hoje. Estás aqui, e necessitas permanecer sempre.

domingo, 6 de junho de 2010

Ar

As costas viradas a estes olhos
Enquanto o cabelo virado ao vento
Desconcentrava-os serenamente
O traço do tempo que desmistificou o medo
Trouxe o agrado gracejo junto com este vento
A alça do vestido despida de um lado
E ao redor o cheiro de natureza que deturpa

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Companheiro

Sinto-me ausente na tua ausência
E todas as coisas
Pairam em lugares separados
Sem brilho ou cor

Somos crianças
Como sempre fomos
É assim que me sinto
E não os deixo te zombarem

Sinto-me ausente na tua ausência
Em algum vazio que se firma
Quando não estás
Ou não me presencias

Moras em mim
Na casa mais bem aconchegante
Quando te escuto os passos
Aproveito a tua estadia

Tua voz em tonalidade grossa
E o coração manso
Como nenhum outro ser

Teu sangue vivo e vermelho
Corre nas minhas veias
Minha admiração e orgulho

Ao meu irmão Gerson de Abreu.

Meus parabéns pelos anos de vida na minha vida. Na nossa vida.
(Para o dia 02 de junho)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Palidez

Tua boca amontoada de um batom encarnado,
mas os lábios pálidos, pálidos...
Não tenho dúvida
Enquanto as mãos, brancas,
com as unhas enfeitadas de vermelho,
pairavam sobre os cabelos
de um tímido jeito

Tu e esta tua palidez
Sim, eu cheguei.

domingo, 30 de maio de 2010

Inevitavelmente pensar no sopro que lampeja nossas costas
Sopro este que danifica as forças
E rompe a fé ante o acaso que corre longe
Meu coração é um órgão inútil que eu não desmereço
Mas padeço ao encanto que requer doar-se
Eu não o quero. Não desta maneira.
A liberdade é minha mais mestre amiga. Minha amante.
Vivo de ir e vir
Nunca mais estive de acordo com o que se espera
Parece que nada por aqui pertence-me
Embora eu ame a aurora do sol
Que acalma a tarde e o céu
Pintados como num quadro
Vasto de riscos coloridos que desabrocham os olhos meus
Sedentos e calmos e amigos e sorridentes
Maravilha divina que o mistério de entendê-la foge-me das mãos

terça-feira, 18 de maio de 2010

Mais do Mesmo

Entristece-me esta constante competição de posses e posses
Abalo-me o coração
E este correndo cansado retrai-se
- Aqui eu não me acho.
Então, ficam colhendo flores ao lado de fora.
Onde, infelizmente, não estamos. Eu gostaria de estar.
Perde-se os dias, as horas, as estações e as pessoas.
Dá dor de ver minha liberdade reprimir-se
Todos os dias o vento concede sua mão à minha
Ainda não é necessária para todas as curas
Necessito que me busque de vez dessa loucura que mata

sábado, 15 de maio de 2010

Florzinha

MInha florzinha que se desenrola num gracioso riso
Aquele que envolve o círculo por onde ele se desloca
Tão inocente e apreciável diante da marca de nossa decadência humana
Minha florzinha. Ela é só uma criança que adora brincar com as mãozinhas nas minhas.
E corrompes com demasia minha alma na sincronia de uma poesia que encanta e acata as dores
E vão levá-la de mim para outro círculo de histórias
E estaremos nós a cá com a saudade de uma flor pequenina
Que alimenta só o bem que as crianças nos passam
E nós a amamos com o coração tão autêntico, que ao vê-la ir pensando em nós...
Choro, choro, choro.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eu tinha um amigo. Mas aí ele foi embora. Foi! Sei não, mas nem o vi mais. Não sei se ele volta das montanhas gélidas com um dos pedaços do meu coração. Mas sei que ele arrancou da raíz sem pena e dor, como se nada fosse ocorrer. Eu nao sei, mas viramos um caos. E nada poderia ter sido feito dessa maneira. Nosso amor sempre foi um desastre, amor múltiplo, de ninguém, amor de amantes, mas sem calor, sem paixão, sem desespero. Aí tudo revoltado aqui e agora. Somente a minha tristeza.

domingo, 9 de maio de 2010

Dentro de si

Eu preciso que tu me deixes só por um instante inacabável de dores que torturam os nossos lábios. Não me entorna aqui, não bate a porta que se fecha no brandir da noite. Eu estou com os olhos debruçados em eternos papéis de letras propícias ao amor que me desabrocha a toda década de anseios. Parece até com o fascínio de perecer com os braços abertos, mas entorpecentes da solidão divertida. E acostuma-se a esta vida. Não tenho nada salvo, embora corram os pés meus às ondas amenos e singelos, feito as peles suas. Corromper-me é minha ação. E não há ninguém para perdoar meu amor demasiado.

sábado, 8 de maio de 2010

Letras Compartilhadas


Vibraste à sombra quente que te ofegou serenamente à freme precisa de teus atos
Debruçando no leito azul das terras tuas mãos frenéticas
Em aromas certeiros sob tua face embaraçada
Sob a tua boca vermelha, teu olhar distante, sereno, olhando pontos serenos ao ar.
- Olha!
- Só sao vistas por ti. Elas pousam em ti.
São só fantasias ao redor das formas tuas. É presente meu senti-las. Pousam como aves à sombra da liberdade.
E o silêncio, que te lembra, tão sereno, doce. Aquele ar que te toca te usurpa! É o mesmo que timidamente encosta em mim. Migrando teu aroma, das gotas que caem dos teus dedos.
Orvalho de uma manhã de sol raivoso tomada pela ira da tua beleza
Volúpia! Deslumbre! Carregas contigo a poção da felicidade, pequena andarilha suja de tinta amarela. Deusa do sol, roubaste o lugar do astro, do dono do dia. Tomaste p si o calor.
E todo o resto das forças divinas à base dessa tua beleza triste e afável. Aceitando-te a própria alma no lugar da minha.
Mórbida leveza tuas plumas pintadas de cores tuas. Próprias e invisiveis. Eu as vejo. Vejo o amrarelo amigo que me cega.
Faça-me às tuas formas inviaveis. Dobre-me, contemple-me, use-me como um jardim próprio teu ao qual possas dançar à noite celeste.
Deitar ameno ao ar, sobre minhas flores, sentir as rosas que tu cultivaste, o sol que tu moldaste, banhando tua pele, teu cabelo tuas maos douradas tocando o topo das montanhas, da vida. Da minha vida
Com a leveza de alguns dedos azuis feitos de frestas delicadas comparaveis ao te tocar os cabelos, a embaraçar-te a face em emblemas sorridentes.
Timidez embriagante, doce, jovem. Belo ser que me enfeitiça, deixa-me as náuseas por maior ansiedade em ti, por teu olhar.
Olha aqui para este ser que está a te olhar
Por entre o vidro da tua janela...

Porque eu não sei dizer poesia quando tudo se parece com ela.

Adentram-me faíscas misturadas às rosas perfumadas... E dá pra tocar sem se machucar tanto. Não são letras minhas. São nossas.

sábado, 1 de maio de 2010

Cíclico

Eu
de Abreu
Sangue forte
Que corre
Envolto às veias
Sou eu
Um nato ser de Abreu

Meus Olhos de Ressaca da Noite Passada

Ta qual um corpo que adoece
Emerge!

o que me houve foi a evasão da palavra minha
Em tons e riscos clareados
Mas nunca ousei dizer
Em hipótese convicta minha poesia breve e tímida
como desta forma vez
Loucura que desvairou sentidos célebres
Enquanto me gritavam e amarrotavam minha roupa
Nem se quer escutava-os
E o feito, logo, um caos transbordando ao corpo
o freme, o queixo, pés frios
Vômito no pano da cama
E uma flor a ti do outro lado da zona

Larga tua garrafa
Que eu largo a minha

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dia

O frio
Tu e o frio
Tu e as letras
E o frio
E nas nuvens
Um fino parágrafo
A chuva
Tu e a chuva
E o Sol
Amanhã
Recebi há pouco tempo.
E estou concedendo o espírito deste poema a todos que puderem ler.
Obrigada.


Existe somente uma idade para ser feliz
Somente
uma época na vida
de cada pessoa em que é possível sonhar
E
fazer planos e ter alegria bastante
para realizá-los
Essa idade
tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE.
E tem a duração do
instante que passa

Mario Quintana

sábado, 3 de abril de 2010

Um cuspe no chão
E o cigarro apagado
Jogado na poça de lama
Seus cabelos franzidos
Com as mãos trêmulas
A boca com gosto de bebida
Jaqueta amarrotada de batom
A escada da descida
Escorregadia e sem aopio
Os olhos seus longe demais
Para atentar este perigo

Ficara jogado às mãos
Sedutora a abrir as cortinas
Volvendo-lhes a luz de oito da noite
Onde a loucura ainda acontece
Lá fora e ali dentro
Último suspiro colossal e ardente
Partindo-se de dentro um som que induz
Cheiro de fumaça e álcool na almofada
E o barulho das garrafas pisadas
Misturando-se a dos corpos
Premente e incluso

Último suspiro colossal e ardente
Beijos mãos abraços
E a vossa solidão
Desmanchando-se os olhos
Em convulsivos choros
E a necessidade das mãos afastadas
A perca repentina dos membros
E da alma interrupta de sonhos
A perca da criança matura - o Amor.

Aguardente

Tenho andado os últimos dias tão enfurnada neste quarto, que a solidáo virou costume comedido por entre minha sanidade estúpida ou desejos desamparados e autônomas inconstâncias. Os dedos meus surgem em vossas vistas calejados, e a tinta da caneta, acabada. Meu coração está em carne viva. Os pingos da chuva que hoje rolaram delicadamente, como uma poesia espasma, soaram saudosos nos ouvidos meu, como quem sussurrasse palavras menores cobertas de histórias contrárias. Uma friagem convulsiva espalhando-se pelos pés. As mãos alternavam. E na face um cansaço forçado, alheio e desconvicto dos fatos. O sopro da guitarra no blues, entorpecente e sensual. Lembrança da forma nua. Lembrança do meu apelo e embaraço. Minha solidão inacabável e necessária. Reconhecer-me-ia.

terça-feira, 9 de março de 2010


- Pai, segura na minha mão?
Não, eu não estou com medo.
Mas eu quero sentir os vossos abraços hoje e lembrar que as vossas faces do passado estão tão notáveis na minha lembrança. E os olhos azuis da tia, e nossa saudade, o brilho das tardes nas gramas, embolando-se como um bicho do mato que brinca de ser vida. Vida de verdade. Nem parece que tudo se foi. Nem parece que ela se foi.
Mano, não vai, fica aqui comigo, vamos brincar juntos. Chama as crianças porque eu estou com saudade de sê-la.
- Mãe, para onde a senhora vai?
Quero ir sim!

Vamos subir na árvore e apanhar maçãs doces como a chuva que vai já cair
Depois vamos correr e andar de bicicleta
Ou assistir a história do rei da selva que é desenho para adultos
Vamos logo antes que anoiteça
Porque a noite é estado dos poetas e pertence a eles habitá-la
Nós ainda não chegamos nesta fase
Vamos brincar mais um pouco

- Espero que demore para a gente crescer.

Obs.: Foto de Iza.

domingo, 7 de março de 2010

Estás a devorar seu dinheiro em coisas fúteis
Meu Deus!
Nem sabes mais o que fazer com tanto excesso
Vais comprar uma Ferrari dessa vez?
Ou um Jaguar verde que brilha até dentro da água?

Por que a de ser tão banal e egoísta o coração dos homens?
Você esqueceu da ternura que ainda reside em um pobre ser?

Estás vendo toda essa destreza que se alastra
Por que ninguém faz nada?

- Posso ajudá-lo a subir este degrau, senhor?
- Obrigado.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sorriso longo, ardoso, belo, alegre.
Contágio profundo dentro do meu ser.
Isso sim é que é vida.
Reapareço.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Fecho os olhos todas as vezes
Nada que cure a dor de vê-los pintados
Pintados de dores que se espelham dentro dos olhos
Escuto a aurora que desabrocha de vossas faces
As crianças são felizes
E nos cativam por serem assim

Não consegui sentir o cheiro do ar esta tarde
Estava doente o meu coração
Uma voz muda e sem estímulo

As pessoas deteriorizam as outras.
São mentirosas. Eu também sou então.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tô com saudades dos meus amigos
Das minhas raízes
Do meu beijo
Dos dedos que tocam
Da minha timidez
Desejo-me um alívio
O pecado taciturno
Das horas que soam distante...

"Descansa a face em mim. Ela dorme em mim."

O Silêncio que deseja desmoronar é este mesmo?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pretérito

Olhares insanos
Em fontes de um certo mistério
Que me tombaram
Era aquele mesmo o teu nome
Pintado em tela uma beleza
Que estoura o ser.
Odeio-te. Eu te amo.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Meu amigo disse-me que corro como um ser afoito a me atirar sem medida. Disse-me que meus olhos seguem a pupila de outros olhos. Não há condição em cessar. Na mente banham-se os corpos, os cabelos, as mãos que se unem. Ele me disse que eu nunca me curo. Sempre deturpam-me a mente e apressam meus anseios.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Soa um ar que se cala na beira dos meus lábios
Sentidos calados formigando minhas mãos
E nem sei se é algo que aterroriza os anseios
Mas é uma paz efêmera que descansa meus membros
E restaura o que não há no peso
Dá-me uma asa à ilusão que são estes versos
Os meus versos
Que transordam formas em silêncio e espanto
Delineam o espaço da voz
Na chama fria que está no encanto
Saber sentir e não ter a certeza
A confusão que se espalha nos olhos aéreos
Em convicção de um amor
Amor que em todas as formas é belo
Ao menos a que me contagia

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sagrado

Se eu pudesse sentir todas as boas sensações
Gostaria de sentir contigo
Que desenrola e muda o contato por onde passas
Não assimilas e nem julgas
Finca como uma estrela taciturna
E projeta teus olhos a favor da poesia

Se eu pudesse curar as feridas do mundo
Guardaria-te no cume de uma árvore
Entre as entranhas da natureza
Para que não te corrompessem
Perante aquelas sondagens absurdas
Que perfuram o coração dos seres sensíveis

Se eu pudesse encontrar uma forma à tua maneira
Calaria-me como um ser tonto
Que não te reconheceria com ares iluminados
Esqueceria-me de como dormes suave em mim
Ou como quando despertas tocando no meu coração
Com dedos suaves e amigos

Se eu pudesse conceder-te algo sob minhas mãos
Concederia-te um silêncio que te espalhasse paz
Que se misturam no teu ser
Amor infinito que te espalha
Que me espalha
Um espelho à nossa frente

' Alguém perguntou-me ao ler para quem eu havia escrito.
Disse que não sabia. Estava escrevendo para não morrer jamais. Estava escrevendo por causa do amor. Talvez estivesse mentindo ou não.'

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Amor
Que é mágica atrelada
Sob vossos olhos
Esquivos e vidrados
Que é uma dor revestida de ódio
E ternura logo mais
Isto que é loucura sem medida
Em panos moldados à paixão
E fica límpido ou sujo
Ardente ou calado
Egoísmo comedido
Por entre as veias que pulsam
E os rastros de perfumes
Eles ficam em vossas nucas
E nos ares a todo o instante
O Amor que é doar-se