quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tristeza que dá


Pousam-me seus braços parecendo asas de borboletas,
no tracejar da noite que orvalha o sopro das pequenas cenas nítidas.
Sei cada coisa que fazes
Por isso reajo assim sem muita rapidez
É que eu não tenho jeito para nada
Mas não me desprendo
A única sensação que entorpece são estas intrigas
Vez ou outra assombram-nos a vida

Mas estes seus braços
Pousam-me num abraço, na tristeza coesa.
Transmutando-me qualquer bobagem convicta e séria
Enquanto Zeca declama sem muitas esperanças:
- Preciso transfundir teu sangue pro meu coração que é tão vagabundo!

Tudo sem forma, sem aspecto.
Mas é que este órgão apega-se sem graça,
sem nada nas mãos.
Uns versos sem sentidos, somente.

Um sorriso breve e preciso

Estas palavras valem a pena. Se perguntarem sobre elas farei silêncio, como sempre faço. Não suporto retirar as coisas delicadas. As palavras são assim mesmo. É um infinito de coisas amarrotadas ou não. Fico muda.

sábado, 11 de setembro de 2010

Vá se danar, Virgínia! Não me faça chorar.


Vá se danar, Virgínia!
Odeio o cheiro do cigarro que assola no teu casaco
Parece menina que não tem razão matando-me assim
À noite o sonho a envolve feito louca fadigando estas minhas mãos
Eu odeio você! E pronto.

Partiu assim, sem voltar ao menos para vê-la a face. E com um lenço vermelho acenou de costas com as pálpebras baixas. Saberia lá se ela está amando-lhe. Talvez fosse isto que crucificasse seus membros e tivesse vontade de matá-la.
Marcava-se já onze e meia, o frio vestiu-lhe o corpo de uma forma tão incômoda, depois de léguas distantes, que correu com os lábios tremendo sem juízo e gritando:
- Virgínia, eu te amo!
Ninguém escutava. Poderia gritar pelo resto da noite. Mas por isso que gritava! Enquanto Virgínia em seus sonhos reinava em outros braços. Deitou-se num banco de uma praça e adormeceu parecendo criança quando não se consegue aquilo que possui brandura. Pobre ser. Que penoso suas mãos jogadas ali pela grama.
- Está morrendo de amores. Ouviu-se um estranho comentando com outros dois.
- Dá para sentir pelo ar que ele respira.

Sobre Virgínia ninguém sabia. Sabe-se lá onde estava ela, o que fazia, quem ama, como sorria. E isto o matava. Ó, pobre ser. Ainda soou uma apreciável palavra sobre ela enquanto dormia. Mas ninguém o escutou, ninguém o escutava.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tu nem viste.
Mas ela viu a cor dos seus olhos com fábulas de uma criança.
Será mesmo que ela vê tudo isso?
Disse que havia visto. E parece que uma energia emanou nos braços tão emotiva que um beijo nos teus cabelos enrolados seriam um consolo tão afável quanto as mãos dela macias e jovens.
Tu nem viste.
Mas ela viu a cor destes olhos e desta face mudarem mesmo de cor!
Era um espião com irradiações tão bonitas que se pôde sentir tão profundamente o pulsar do seu coração.
Mas tu sabes. Sabes que a alma dela é ao teu canto um ar azul e terno.
Esta é a causa. Ja dizia tu não é mesmo?
Passo fundo este que comove a solidão. E deixa profundos vestígios de um grande coração. Pedaço de um outro retirado. Mas este outro volta. Sempre volta.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estrela Vagabunda


Perdoem-me desde já o louco canto tímido que ecoa no meu peito. Feito um grito embaraçoso que não é posto para fora. Que merda!
Timidez, esta incômoda que dorme acanhada nos meus braços feito fonte de necessidade.
Ó coração, que tristeza mesmo que és tu. Transpõem-se assim tão nu e escondido ali, em um dos cantos da casa. Não tens membros para se apoiar? Pena que não respondes nunca. E quando me responde traz sempre nós de gente que não sabem o que desejam. E como eu os desejaria. E mesmo assim nunca morres.
Perdoe-me tu, minha mãe, o meu sonhar mais estranho de coisas distantes e tão utópicas. Mas se o Criador gerou-me para que o teu ventre me concebesse assim, é por que assim tem de ser. Perdoe-me o egoísmo que mata os seres, ou uns aos outros. Perdoe-me os meus olhos sempre acanhados e dispersos e sonhadores.
Perdoem-me os seres que vivem à cerca dos ares, que os assolam os homens, que os liquidam entre a mais singela beleza da mãe Natura e os destroços dos ventos criados para destruição. Perdoem-me meus seres Divinos.
Veja só como os barulhos dos carros são tão altos aqui. E isto dilacera as almas. Não gostaria que sentisses medo, eu nunca largarei da tua mão, embora possas tu largar da minha. É como acontece. Traumas.
Inconstância esta. Desnecessária. Será que ninguém absorve amor algum, mesmo ingênuo e fraco? Será que ninguém absorve amor algum?
Perdoem-me este fato, e como é gerado isto tudo dentro de mim. Meu amor é infinito e demasiado e sempre chora. Sempre. E já me tenho por um cansaço que mora aqui dentro de mim. Feito a poesia que aquele senhor barbado ousou conceituar-me. Não sou um ser merecedor deste acaso.
Somente sou um farejar de sonhos e histórias inacabáveis de amor. Sou um astro vagabundo que pinta as paredes de vermelho, enquanto fogem para longe dos meus trilhos.
Gosto sim do meu sorriso, não me chame de hipócrita, ele é o que há de mais terno na minha face. Volto a ser menino pequeno.

- Acorde-me já, com o acorde menor do violão banhando em minhas retinas o brilho sistemático que me reduz deste mundo ao mundo de Deus. Melodias.

Ei, Cara, eu tenho tanta coisa boa na minha vida. Muito obrigada por isso. E por toda luz possível.

sábado, 4 de setembro de 2010

O Quarto de Jack é o Espírito de Jack


É sem dúvida sua face estampada ali
Naquele quarto meio escuro meio claro
Está ali sua face estampada
É o sentimento notório que há quando se põem os pés ali
Ou será que foi só eu que o senti?
Eu acho que se atraem borboletas perto das suas mãos
Dá para ver quando o escândalo que abusam da sua alma acalma-se
Dá para ver quando teu canto ecoa
E mesmo parecendo um anjo com asas quebradas há sim uma flor que nasce no seu tapete
E cresce para os trilhos do mundo com ares inclusos de amor
Eu o conheço. E o seu coração também. Ele precisa tanto sorrir. Acredite, eu acredito tanto em ti.
E mesmo quando o ronco barulhento do mundo lá fora for tão aterrorizador, não há problema. Por que não chorar?
Tu és um amor que evapora. Absorve-o aquele que o ousa adentrar.
É sem dúvida sua face estampada ali
Assim como a ternura da expressão dos seus olhos
Mesmo reclusos, alheios, estranhos, nós somos a cura um do outro.
Espero, felizmente, que tu sejas um daqueles homens de verdade quando crescermos. Porque eu acredito em ti.