sábado, 11 de setembro de 2010

Vá se danar, Virgínia! Não me faça chorar.


Vá se danar, Virgínia!
Odeio o cheiro do cigarro que assola no teu casaco
Parece menina que não tem razão matando-me assim
À noite o sonho a envolve feito louca fadigando estas minhas mãos
Eu odeio você! E pronto.

Partiu assim, sem voltar ao menos para vê-la a face. E com um lenço vermelho acenou de costas com as pálpebras baixas. Saberia lá se ela está amando-lhe. Talvez fosse isto que crucificasse seus membros e tivesse vontade de matá-la.
Marcava-se já onze e meia, o frio vestiu-lhe o corpo de uma forma tão incômoda, depois de léguas distantes, que correu com os lábios tremendo sem juízo e gritando:
- Virgínia, eu te amo!
Ninguém escutava. Poderia gritar pelo resto da noite. Mas por isso que gritava! Enquanto Virgínia em seus sonhos reinava em outros braços. Deitou-se num banco de uma praça e adormeceu parecendo criança quando não se consegue aquilo que possui brandura. Pobre ser. Que penoso suas mãos jogadas ali pela grama.
- Está morrendo de amores. Ouviu-se um estranho comentando com outros dois.
- Dá para sentir pelo ar que ele respira.

Sobre Virgínia ninguém sabia. Sabe-se lá onde estava ela, o que fazia, quem ama, como sorria. E isto o matava. Ó, pobre ser. Ainda soou uma apreciável palavra sobre ela enquanto dormia. Mas ninguém o escutou, ninguém o escutava.

Um comentário:

  1. É, Virgínia não o amava mais (será algum dia amou de verdade?) e para quê ficar preso ao lado de alguem que não se ama? Sinto pena por ele, mas a vida continua, não é mesmo?
    Carol você sempre escrevendo tão bem. Beijos minha querida

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