terça-feira, 29 de junho de 2010

Lua

Despontou-me no ar suspensa e sedutora com ares de uma luz demasiada que enfeita e excita a natureza que a abrange. Euforia nos meus dedos das mãos e dos pés.
- Não quero a todo o custo o que me pedes, mente insensata. Eu não quero. Sou solidão. Sou egoísta.

domingo, 27 de junho de 2010

Nada de impune no meu seio
Pois tudo o que amo parece amor de menina
Parece amor de uma criança que canta e chora com feição
Eu vivo deste tipo de cálice que nao sei dizer-lhes se incomoda
Mas é um vento que molda
Pareço pulsar da cama quando nos sonhos em que apareces ou aparecem
Pareço romper comigo mesmo o fado que contradiz
E seja isso quem sabe o que atormenta
De onde é que surgi, Deus?
Enquanto estou a cá com interrogações que passeiam sobre os braços
Com tantas vagas lembranças de paralisações que por estes olhos foram feitas
É tudo muito sem nexo para vós
E para mim um vasto jardim com rosas perfumadas que deturpam e entorpecem
Eu sei lá de que substância fui feita! Eu sei de tanta coisa... Mas não sei nada sobre as interrogações que passeiam sobre os braços meus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Junho Passado

Ninguém que saiba da negruma que são os olhos teus disfarçados de glória. Ninguém vê. Ninguém nos viu os olhos a conhecer-se um ao outro.
Enquanto a noite ali, corria tão forte quanto nós em impulsos que parlisavam. Inquietude da alma e o banco com o meu corpo sentado. Nada mais.
Teu vasto cheiro que nada intediava, além do som que nos perturbava os ouvidos tão longíquos.
Eu não estava ali, e nem sei se estavas tu, no mergulhar do coro interno dos dois olhos, como eu olho, como olhei.
E a nítida tristeza que me fez ver-te a brancura da alma com os laços entrelaçados, medo, aço. E um sorriso singelo num embaraço que devolveu
a beleza do teu rosto que nada encontra com satisfação. Emblema que és, eu não te conheço, nem faço a questão.
Só vejo o vestígio do que foi ali no banco ao lado da árvore, o teu coração.

domingo, 13 de junho de 2010

O cansaço e a certeza de que o presente é tão breve quanto a alegria do ser humano. Nada me curva diante dessa história imperfeita que estou sendo imposta a fazê-la. Sempre foi imposto e é algo que se precisa apostar para que sua vida esteja de acordo com o que é imposto. Sim, novamente "impor". É o que mais deprime a alma de um ser. Parece às vezes que o som da rua que eu ando quando acordo com os olhos inchados não me socorre. Açoita. E o corpo pesa, porque nada está de acordo com os olhos meus, como eles são. Tem um anjo que se mistura por ali muitas das vezes, outro ser surreal, um tristonho com a pluma que encanta, outros que ferem, e é tudo muito belo. E está tudo isso aqui dentro. Tenho o mundo inteiro dentro de mim e eu preciso vomitá-lo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O vasto sopro que contém os olhos teus é um impulso para os meus pés circularem, hoje. Estás aqui, e necessitas permanecer sempre.

domingo, 6 de junho de 2010

Ar

As costas viradas a estes olhos
Enquanto o cabelo virado ao vento
Desconcentrava-os serenamente
O traço do tempo que desmistificou o medo
Trouxe o agrado gracejo junto com este vento
A alça do vestido despida de um lado
E ao redor o cheiro de natureza que deturpa

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Companheiro

Sinto-me ausente na tua ausência
E todas as coisas
Pairam em lugares separados
Sem brilho ou cor

Somos crianças
Como sempre fomos
É assim que me sinto
E não os deixo te zombarem

Sinto-me ausente na tua ausência
Em algum vazio que se firma
Quando não estás
Ou não me presencias

Moras em mim
Na casa mais bem aconchegante
Quando te escuto os passos
Aproveito a tua estadia

Tua voz em tonalidade grossa
E o coração manso
Como nenhum outro ser

Teu sangue vivo e vermelho
Corre nas minhas veias
Minha admiração e orgulho

Ao meu irmão Gerson de Abreu.

Meus parabéns pelos anos de vida na minha vida. Na nossa vida.
(Para o dia 02 de junho)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Palidez

Tua boca amontoada de um batom encarnado,
mas os lábios pálidos, pálidos...
Não tenho dúvida
Enquanto as mãos, brancas,
com as unhas enfeitadas de vermelho,
pairavam sobre os cabelos
de um tímido jeito

Tu e esta tua palidez
Sim, eu cheguei.