sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Qual o ato mais simples que não o amar? Mesmo exato ou sem rumo, daqueles sentimentos que estabelecem a fúria. Ou não. Mas me diga qual é o ato mais simples que não o amar? Cada instante que passa e que converso com Deus, tenho a nítida impressão de que nada faz sentido quando me convenço daquele vazio que existe no sorriso das pessoas. Nada faz sentido se vens ao mundo somente para se contemplar de seus próprios atos deslumbrantes. Nada faz sentido quando não amas os outros como a si próprio, sem o medo constante da decepção, sem pedir nada em troca. Nem um sorriso qualquer. Por favor, perdoem-me não vos definir este ato, não caberia, seria impróprio, vulgar, pois conceituar e conceituar é retirar o perfume das sensações antes mesmo de senti-las. Mas a cada dia que passa me convenço de que não vim –eu- ao mundo com o rosto inibido para ecoar os meus sonhos. Não são meus estes sonhos. Nada que faça é por mim, e embora eu seja uma excêntrica egoísta, eu vivo deste amor amansador do caos que degenera. Mesmo assim, ainda amo com uma necessidade incurável. Não há bem maior que fazer o bem, mesmo quando o amor no mundo banaliza-se, e vive constantemente distante, a cada passo, distante... Mesmo assim... Ame também.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Canção do Senhor da Guerra

Composição: Da Legião Urbana.

(...)
Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção...

Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Prá que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação...

Existe alguém
Que está contando com você
Prá lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer...

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação...

O senhor da guerra
Não gosta de crianças...
Seu merda!

- Trechos de algumas partes desta canção. O senhor da guerra não gosta de crianças, Renato.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vá logo, por favor.
Amanhã a manhã encerra a noite e faz brotar de seu ventre um outro sorriso.
Vá logo, eu não sinto.
Ontem é um estado de absoluto desespero
Eu me acato de um sorriso
Porque eu tenho tão bons amigos.
E um sorriso desprendido de seus rostos
faz nascer um brilho distante em minhas mãos.
Sou criança velha, presa no choro.
Mas o riso alto e solto é real
Eles e a singeleza do amor
Do meu amor inacabado, machucado.
Do meu amor afável, do meu único e infindável amor.

- Um sorriso.

domingo, 24 de outubro de 2010

O Anjo Mais Velho

Composição: O Teatro Mágico

"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
Enchendo a minh'alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar

- Então eu vou acreditar que esta canção tem o meu rosto, dando um sorriso num ar que legitima muito peso. Singeleza.

sábado, 23 de outubro de 2010

Fenda

Buraco,
fundo,
buraco feito,
junto,
Nem um pouco traçado,
manipulado, infame buraco.

Medo,
colorido,
flor e estátua,
e o buraco,
sempre ali,
mal traçado.

Amor. Conheces?

Apareceu-me à vista saudando um sorriso com os lábios. Reciprocidade. A bolsa estava tão pesada que minha impaciência pela chegada do ônibus era notável.
Perguntou-me assim meio sem jeito se estava tudo bem. Respondi com um sorriso simples que sim. Mas como sempre era de sua futilidade satirizar-me, desta vez com os olhos sérios perguntou-me mais uma vez:
- Estás bem? Porque sempre pensei que esta tua palidez te dá um ar de doente, com as pálpebras meio caídas e um olhar distante.
Dei-lhe um riso envergonhado, mas alto, com o rosto corando e disse, quando já se vinha o ônibus (graças!):
- Mas sou um doente! Vivo assim, ao costume de estar febrio. Esta é a minha doença. Doença sem cura, entende? É por isso que sempre me encontras assim.
Narcisismo demais não ter compreendido. E todos aqueles conhecimentos sobre qualquer coisa eu não gostaria de tê-los para sobressaltar um espírito egocêntrico. É, eu realmente não sabia ou não sei de nada. Mas não há ninguém que a deturpe. A minha doença (que não é o conhecimento). Devo ter tocado em sua ferida. Sim, toquei. De dentro do ônibus vi breve seus olhos procurando algo. Como de costume. Acenei com as mãos e um piscar do olho direito. Acenou-me sem gosto. Por assim querer.

sábado, 16 de outubro de 2010

À Pequenina Borboleta

Tem um serzinho que vive dentro do meu coração como alguém que chegou e se instalou sem que eu nem me desse conta. Pois justo hoje completa ele mais uma primavera pronto a transitar. Uma humilde homenagem aqui no meu espaço. Não poderia deixar de fazê-la. O meu desejo é que coisas boas acatem tua vida, e quanto ao outro lado não precisa temer. Tenho duas mãos abertas para simplesmente abrandar quando puder.

Meus parabéns, que a felicidade pinte no seu rosto versos de uma poesia!

Para Izavanna. Querida e amada Iza.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pois ouvir ainda falar de humildade é um pequeno ato que não tem mais esmero. Sinto-me suja. Fique mudo, pense, faça com os olhos ou com as mãos sem permissão. Ficar mudo. E pensar o bastante para ter em voz os fatos verdadeiros. Avaliar-se aos conceitos dos seguintes é, definitivamente, estado de insegurança. Para que demonstrar o ápice da aptidão, quando na aptidão não há o ingênuo segredo de revelá-la com brandura? É por isso que necessito ficar muda, já que nada sei. Humildade é um dom que se inclina em um dos braços seus e precisa ser carregada com as duas mãos. E tê-las belas como o feito da aurora quando dorme. Assim tão tranqüila. Pois se almejar deste estado de graça mais lindo e admirável do ser humano não é fazer brotar ou se instalar. É do merecedor esta dádiva, porque bem feitor da vida é. Não de si mesmo, mas acima de tudo, dos outros.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um Amigo Meu


Pois uma falta assim
Análoga a outra falta
Desencadeada na cara
Já que os olhos meus acordaram emergentes
Falta, falta, eu sinto tua falta.
Falada, exposta.
Tu sentes minha falta
Silenciada, transparente.
Se tu soubesses como estou com medo, tu aparecerias para me contar histórias mentirosas. Sinceras.

A mesma pergunta válida:
- O que tu farias se tivesse algum tipo de poder?
- Voltaria a ser criança.
- Eu também. Ah, nossa foto continua ainda aqui. Realmente tu não me esqueces.

Para W.

Love Street

Composição: The Doors

She lives on love street
Lingers long on love street
She has a house and garden
I would like to see what happens

She has robes and
She has monkies
lazy diamond-studded flunkies
She has wisdom and
knows what to do

She has me and she has you

I see you live on love street
Ihere`s a store where the creatures meet
I wonder what they do in there
Summer sunday and a year
I guess i like it fine
So far

She lives on love street
Lingers long on love street
She has a house and garden
I would like to see what happens

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Explicação de Poesia sem Ninguém Explicar

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

Adélia Prado.

E esta é a sina de todos. Minha sina. Minha dor.

domingo, 3 de outubro de 2010

Pequena Flor

Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
e se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

e vê passarem as leves borboletas livremente,
e ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
e o sol claro do dia as claras estátuas beijando sente,

e espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
pousado, trêmulo, e sabe que talvez o vento
a libertasse, porém a desprenderia do galho,

e esse temor e esperança aguarda o mistério transida
- assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida

Cecília Meireles

- Ultimamente ela tem sido uma grande amiga. Grande presente este. Salva-me todos os dias.

sábado, 2 de outubro de 2010

Insensatez

Ela saiu perturbada lá de dentro,
o frasco de vinho derramado de um lado, a taça de outro.
Segurei-a pelos braços feito um ser tonto do cheiro que a exalava
O ar, a jaqueta marrom suja de batom esmagado, a peça que pregaste lá fora.
Eu te odiei exageradamente por um instante preciso que me desenvolveu
Estávamos parecendo vagabundos jogados à beira da rua
O frio que pairava nos cabelos estava horrível e penetrante nas narinas
Estúpida! Estúpida!
Teu sonho é este mesmo?
Fica aí, que vou embora estalando os pés até morrer de dor.
Pega este teu cigarro sujo
Isto, mate-me!
Ama-me, mate-me!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sinto tudo de novo o freme
Caos, caos!
Meu ser é um verdadeiro caos
Tô mais que ferrada, simplória, sem glória.
Os cascos do navio estão envoltos às águas
Você não vê, senhor?
Eu não vou voltar a tê-los exatos novamente
Tu não entendes?
Sim, estou falando dos meus olhos.
Não os reconheci na noite passado
Estão me matando, senhor.
Não sei, só não gostaria de morrer com ou por eles.
Mas eu estou morrendo, parecendo um jovem que possui rugas no rosto.
Tenho medo, medo, desta imundice. Quero ficar só, porque o sorriso daquelas crianças são muito mais lindos.
Vocês só me matam e ele assim sem jeito me pergunta quem me faz isto. Ame-me assim mesmo tu.
Tira a mão do meu ombro, não quero falar com ninguém, nem cantar feito louco.
Hoje não. Hoje solidão.

Vá à merda, me deixa.