sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contorno da Noite


Minha mãe, não me acorde.

À noite os bondes andam, os pés progridem por entre os trilhos com aroma de flores.
Pinta-se poesia em nossos dedos
À noite o canto dos homens perecem e o meu caos é bem menor quando na sonata do dia

De dia eu durmo
Minha mãe, não me acorde.
De dia o mundo acontece, mata-me sabê-lo. Definho.

À noite eu me inspiro e convivo
Com o estado de cura que os cantos me fazem
Eu vivo, assisto vossos olhos descansarem.
Enquanto rompemos com o medo da condição de si
Enquanto sopramos estrelas no ar
Da influência exercida dos astros
Nós somos um caos, meu bem.

E tu deverias imaginar a dimensão do nosso egoísmo
Correndo assim como quem busca os ares dispersos
E de tanto segurar-se em meu coração
Este vago chão frio que pisas aprontar-se-á graúdo

"Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."
(Trecho de Poema de Sete Faces de Drummond)

2 comentários:

  1. QUE LIINDO! Transpareceu tudo o que aquele ser noturno é...
    Eu te amo, silfinha :)

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  2. Tenho que confessar, toda vez que venho aqui me surpriendo com a maneira que você expõe os fatos mais comuns em formas artisticas tão lindas! você é demais Carolzinha :*

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