sábado, 3 de abril de 2010

Aguardente

Tenho andado os últimos dias tão enfurnada neste quarto, que a solidáo virou costume comedido por entre minha sanidade estúpida ou desejos desamparados e autônomas inconstâncias. Os dedos meus surgem em vossas vistas calejados, e a tinta da caneta, acabada. Meu coração está em carne viva. Os pingos da chuva que hoje rolaram delicadamente, como uma poesia espasma, soaram saudosos nos ouvidos meu, como quem sussurrasse palavras menores cobertas de histórias contrárias. Uma friagem convulsiva espalhando-se pelos pés. As mãos alternavam. E na face um cansaço forçado, alheio e desconvicto dos fatos. O sopro da guitarra no blues, entorpecente e sensual. Lembrança da forma nua. Lembrança do meu apelo e embaraço. Minha solidão inacabável e necessária. Reconhecer-me-ia.

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