sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De Cordas


Desde o átrio longo o cheiro exarcebado
No contínuo recebimento consenti ser ele mesmo
Apareceria ao lado esquerdo da porta
Bem nos fundos com exatos aromas de madeira antiga
Dedos de cordas antigas
Do fascínio exato do meu sangue congelando
Pus no chão meu corpo a venerá-lo o seu sem ninguém
Vazio e solitário
É um amante dos meus olhos intactos inertes calados
Lábios meus calados
Tristeza que à alma tracejava tão bela e amarga desta maneira
Que ao ver-te imóvel e exato
Um choro sã desabrochou
Calei-me puramente com tudo o que ele havia retirado
Retirou-me tudo o que havia
E com os meus dedos maltratados dei-me num ar à moça das fotos
Eu gostaria de ficar aqui até o findar da respiração
Não precisas tu ficares
Deixe-me ficar com ele até os meus dedos amofinarem junto às cordas
Que hão de se dispersar nos ares
Não se preocupe comigo
É isto que eu amo como o ar mais verdadeiro e calmo de mim
É isto que eu amo
Desde o adorável momento que soou a harmônica sonoridade
Distribuída aos ouvidos na infância
Sossegue-me com os olhos e vá
Diga a quem quer que seja que é a única tristeza desdenhada de beleza
Cuja cura é devolvida sem procurá-la de um modo tão dissimulado
Não a procuro pois a de vir
Deixe-me aqui porque o dia hoje concede brandura
E um choro emotivo quase posto com um vômito

2 comentários:

  1. Calado amor gritante, espera um instante!

    Sempre dual o sentido. Talvez como Confortably Numb, Confortavelmente Entorpecer.

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  2. - Estou já confortavelmente entorpecida. Meu amor é sempre um caos. Não o sei o seu tempo exato.

    Obrigada, Luc!

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