quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Fascinação

Encantei-me ao vê-lo ali. Esquivo, belo, sonoro, exótico, antigo.
Frestas de luzes pairavam sobre suas formas. Incrivelmente belas!
Entrei a tremer as mãos e sentir como se estive a flutuar em um remoto tempo.
Fitei-o, como a minha alma.
E soou o sino a chamada de um anjo a conduzi-lo.
E começou...
Foi quando senti a força de seres afáveis ao meu redor, como se quisesse por alguma vontade sem explicação querer estar ali por um bom tempo. A sentir um aroma pairar em minhas narinas e as cordas à minha vista.
Consumiu-me dentro da alma as cores da melodia, as cenas e fantasias... Reconheci-me como sou.

Vi o anjo embalar suas mãos com sesibilidade demasiada. E eu senti sua paixão pelo piano de calda. Desvairei-me em emoção.

domingo, 23 de agosto de 2009

Lúmen

A Perfeição: O Ser Supremo - Deus. A criação, a vida, o amor.

sábado, 22 de agosto de 2009

Embriaguez


Estou com frio... Sentando à beira de um abismo com litros e litros de álcool no reflexo de meus olhos, perdurando imagens em minha mente inflexíveis.
Soou o vento teu perfume nauseando meus sentidos. O que deturpa meu corpo ao teu, à minha alma freme. Rompeu-se um clarão assustador e uma vibração a atirar-me naquele buraco negro em frente às minhas alucinações dementes.
Voltei-me aonde estava com um impulso inumano, como se uma força bem maior o fizesse.
Caí no chão gélido e molhado com um cansaço... Das mãos, pernas, braços. Costas e a mente.
Havia um espaço tão vazio naquele lugar, mas eu não tinha pretensão alguma de retornar aos fantasmas de qualquer cidade povoada mais próxima.
Adormeci naquele estado de loucura com o frio assíduo golpeando-me a pele, e, um coração infracto por mãos precárias.

Carol de Abreu

Até Logo



Senti-me sem um senso amistoso à minha mente
Pois retiraste todo e qualquer um
Cavou-me uma sombra tão espessa
Como ao remoto passado teu

Senti minhas mãos desmoronarem
Como uma esquiva bandeja ao chão
Molhadas de um gosto amargo
E propus meus olhos a avistar-te na janela
Com os cabelos volvidos ao vento

Uma branda agonia desvairou-se
E o meu peito pulsou um coração apressado
Pressentindo uma estrada a afundar-se
Como um sopro que fora dado ao meu corpo

Não te vi dar-me Adeus
Nem me acenar com tuas mãos

Carol de Abreu

sábado, 15 de agosto de 2009

Deserto


“Não consigo achar-me na plenitude dos mortais”.

Embora lhe coubesse todas as formas afáveis de viver
Escondia às pressas seu semblante avermelhado e incompleto
Como se alguém lhe tivesse tirado um grande pedaço da vida
Embora seus sorrisos bailassem uma fragilidade existencial na alma
Corria sempre ao som das marés nitidamente. Sempre.
Era-lhe anseio afogar-se nas águas límpidas e escuras
Tragando aos dias seus vícios. Deteriorando-se.

Pessoas lhe pairavam sombra na cabeça
E uma angústia irreal lhe corroia as veias
Não lhe compreendiam a alma delicada
Não lhe compreendiam as formas sensíveis
Nem o nada, nem a fresta de luz, nem as águas.
Reprimiam-lhe os olhos.

“Não consigo achar-me na plenitude dos mortais.
Parece que só existem rosas cortadas em vossos punhos”.

Carol de Abreu

domingo, 9 de agosto de 2009

Pai


Ele anda em um universo inalterável
Em que não se pode entrar nem desvendá-lo
Seus olhos são aptidões em observar razões
E no seu coração soa doçura
Apesar da voz brava e incontrolável

Eu sou parte sua
És parte minha demasiadamente
És fera, carrasco, arcaico.
És amor, heroi, graça, sonho, futuro.

És-me.

Carol de Abreu

sábado, 8 de agosto de 2009

Algumas Palavras

Torna-se até esplêndido o modo como a corrupção aqui no estado do Amazonas perdura.
Nem mesmo o fato de saber que há mais de 50 anos essa mesma “corja” que hoje reclamas a falta de senso, lidera tudo imensamente.
Pensei ou pensávamos que haveria nestas últimas eleições alguma mudança benéfica. Mas, honestamente, ninguém dispôs por ela. Incrível mesmo é como há servis do sistema, e como a “corja” os corrompe a uma maneira de favorecer-lhes a vida, quando de certa forma estão os desprezando tacitamente.
A política, aqui, reside pôr sobre os panos encoberta de sujeiras. Não ao fato de ser pessimismo, mas ao buraco que se sucede os fatos... Hão de acarretar-se em uma desordem. Se não quiserdes aspirar uma mudança.
Já sobre os estudantes... Perdemos o direito que havíamos conseguido. E a todas as organizações que visam os benefícios dos estudantes? Onde estão? E os estudantes? É triste esta situação.
Não sei o que está se tornando esta cidade. A imundice está surgindo à nossa vista – literalmente!
Onde estamos de fato? Não temos a vida decente que deveríamos ter, mas por consequência indireta de nós mesmos.

domingo, 2 de agosto de 2009

Aura


Desponta tão fremente, cáustico.
Em tons laranjas
Amarelos focos de luzes

Tem uma flor suspensa em um galho
Quase que para soltar-se
E ela marca os meus olhos
Assiduamente todas as tardes

Jorra uma fonte de agonia
Em minhas mãos ansiosas
E eu lhe lanço um silêncio nos olhos
Lanço-lhe um silêncio que a faça desprender-se

Desprender-se em minhas mãos

Carol de Abreu

Estou postando novamente algumas escritas, depois de algum tempo afastada da internet. Portanto, vou pôr algumas coisas a mais. Sejam sempre bem vindos. Obrigada.

Metal Amarelo


Anseios multiplicados ao extremo
em uma intensa onda
Estás a par
com desejo de regresso.

Passam-lhe tantas pessoas fantasiando besteiras
Que se chega a achar pérfidas suas linguagens

Não se sabe em que universo sua mente reside
E nem em que mistério pensas ao dia
Nem mesmo desejos sobre desejos

Talvez ande mesmo distante do tempo
Só, pairando em seus próprios sons e cores.

E no seu rosto dançam borboletas
Belas como os seus cabelos
Sensibilidade das suas feições faceiras

Encarcerou-se porque sua alma é transcendente
E estás com uma metade dos olhos poética
e outra inibida e sem vida

Carol de Abreu