sábado, 23 de outubro de 2010

Amor. Conheces?

Apareceu-me à vista saudando um sorriso com os lábios. Reciprocidade. A bolsa estava tão pesada que minha impaciência pela chegada do ônibus era notável.
Perguntou-me assim meio sem jeito se estava tudo bem. Respondi com um sorriso simples que sim. Mas como sempre era de sua futilidade satirizar-me, desta vez com os olhos sérios perguntou-me mais uma vez:
- Estás bem? Porque sempre pensei que esta tua palidez te dá um ar de doente, com as pálpebras meio caídas e um olhar distante.
Dei-lhe um riso envergonhado, mas alto, com o rosto corando e disse, quando já se vinha o ônibus (graças!):
- Mas sou um doente! Vivo assim, ao costume de estar febrio. Esta é a minha doença. Doença sem cura, entende? É por isso que sempre me encontras assim.
Narcisismo demais não ter compreendido. E todos aqueles conhecimentos sobre qualquer coisa eu não gostaria de tê-los para sobressaltar um espírito egocêntrico. É, eu realmente não sabia ou não sei de nada. Mas não há ninguém que a deturpe. A minha doença (que não é o conhecimento). Devo ter tocado em sua ferida. Sim, toquei. De dentro do ônibus vi breve seus olhos procurando algo. Como de costume. Acenei com as mãos e um piscar do olho direito. Acenou-me sem gosto. Por assim querer.

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