quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

É na superfície da noite que a alma branca salta sobre as vísceras dos olhos, enquanto uma sensação de liberdade que bate no rosto pelo vento das sete horas faz adormecer as pálpebras leves. A brisa que há nos fins de tarde, bem aqui, eleva na cor das nuvens nenhum desejo, motivo. Faz brotar no ar um suspiro longo, determinado e sem destino. Tenho um caminho enfim. E dele faço o aguardo, o sorriso, a realização dos astros.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Prece

Que quando acabarem os vestígios de ar,
grite longe a cor da noite,
para que amanhã o dia provenha menos rude.
Que as flores brotem na sintonia da manhã o cheiro do mundo,
o cheiro do mundo mais ameno.
Que o Bom Deus amenize a dor do teu corpo, alma e coração.
Que mesmo na distância de um amigo amado, propago o afastamento desses males.
E só.
Deus, iluminai.
Durma com Ele, que eu fico também.

- Ver o amor como um abraço curto pra não sufocar. (Bilhetinho Azul - B. Vermelho)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mãe

Pois qualquer solidão que entra, entra devagar.
E minha mãe sorrindo, cantando, faz brotar no meu céu um sorriso pacato. E quando a gente chora à noite tremendo e angustiada, ela faz renascer os meus sonhos sem saber.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Então a gente saiu correndo, dobrando a primeira esquina com o violão nas mãos, desafinando com o toque do vento ligiero. Duas da manhã, os dois e eu com os cabelos arrepiados, correndo dos caras. Olhamos uns para os outros e demos uma boa risada, como bons amigos fazem e sentamos na sarjeta em frente ao teatro, perto da brisa do mar. Cheiro do mar. Aí ficamos ali mesmo, ecoando vozes mesclando a minha com a deles. Nem vi o sol nascer, dormi num banquinho, escutando somente eles, e lembrando de como é bom correr com emoção e amar sem razão as coisas simples. Lembrei deles também, gente que só com sorriso abranda meu coração. Manhã clareou uma saudade, que eu senti as mãos enxugarem as lágrimas bonitas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Aquele Menino da Rua

Choro ágil,
febrio,
suplantado no ar dentro de um corpo magro,
jovem e fraco,
num choro ágil.
Vazio extenso no estômago?
Ou carregado de outra vontade destruidora?
Amedronta e faz brotar da juventude uma flor desbotada
E assemelhando-se ao caos de outra esquina
Morrem delicados
Com o corpo estatelado com cicatrizes no rosto
E tantas lágrimas.
Não vou gritar
Nem fingir que é normal
Tanta gente que vai e vem com as mãos cheias,
tanta gente que fica e deserda no mesmo chão.
Não vou fingir que é normal
Nem mesmo que a minha solidão seja esta mesma:
Olhar com carinho,
morrer sem destino,
num céu isolado, meu e de mais alguém.