sábado, 6 de junho de 2009

NARRAÇÃO



A desilusão foi repentina ante um desejo abstrato.
Não viu-se privado das mãos que outrora o concedia flores.
Foi ferido os olhos e sua silueta. Conceituara-lhe um fantasma, colorido.
Mas ao que parece, sua alma não fora despovoada.
Mas sua mente pesou, o vento o volveu de verdades.
Fora ao inferno várias vezes possíveis.
Fora ao mar vencer as ondas, e replantar no implantável a raiz da árvore mais suspensa.

Suas mãos correm lado a lado sobre as delas
Incomunicáveis caminhos ao redor de duas faces
-Assim como voam os condores talhando as nuvens.
Seus dedos pincelam sobre o papel suas próprias formas ao redor das formas dela
Há também as notas de uma novela, e o tempo de constância.
Data as flores em sua memória sagrada e silenciosa
E em sua boca um vazio alarmante dito de ventos

O Crepúsculo não é somente este sol contente
Que desponta em sua aresta
Este canta com aflição seus devaneios mais remotos
Seus cabelos andam desmanchados com desenhos inalteráveis
E vê as flores despontarem ao lado de fora de sua aresta, vaga.
-Pois sua alma jaz morta há muitas estações.
Vê um infante surgir à uma nova vida. À vida contrita dos mortais.

Em sua mente rondam virações perturbantes
Cheias de caos e amor
Sua alma tenta uma outra porta
Ele espera a loucura em formas belas por lá
Delineia o orbe simétrico com as pontas dos olhos
No desejo aguço de tocá-lo em seu corpo
E embaraçá-lo com todos os seus movimentos

Anda sem pressa este iniciante das águas
Com suas agitações e devaneios nada evidentes
Com uma bússola aleatória cheia de anseios
E um silêncio que lhe ronda todas as noites
Em sua aresta, vaga.
Perpassa o horizonte em menção de paz
Almeja o brilho de seus próprios olhos de outrora com um teor a mais

Carol de Abreu

Um comentário:

  1. Engraçado como senti a cada frase, linha, verso desta nova postagem como se fosse eu. Eu a cada lamento e a cada tentavida de me explicar. Como se estivesse aí falando de mim. Me identifiquei com a personagem e a situação.

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