quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Carta


Não. Eu não sinto nada. Só um imenso vazio pendurado no meu peito.
E uma vontade de vomitar. Na minha própria cara!
Ele integra um ar agoniado, nostálgico, que me mata decentemente.
Merda!
E os meus travesseiros ficaram molhados na noite de chuva
Em que meu espelho quebrou-se sem que eu pudesse tentá-lo reconstruir.
E um grito, como uma criança, estalou da minha boca.
E nada, absolutamente nada saiu dela.
Não tinha braços, nem pernas, nem cabeça.
Só olhos dilacerados, buscando alguma luz.
Só lembrança sincera. Dor terrível.
E medo. Medo de não encontrar mais poesias na minha vida.
‘Não quero mais descrever. Não me peça, por favor.’

Carol de Abreu

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