sábado, 12 de setembro de 2009

Amizade


Senti minhas pernas fraquejarem. Em uma impotência sobrenatural.
Passados uns minutos sondaste-me aflito, com uma sombra na voz, clamando forças aos quais eu precisava conceder-te. Compreendi a fraqueza das minhas pernas. Acho que foi uma horrível sintonia que nossos sentidos tiveram em cumes sobrenaturais.
Quis somente abraçá-lo. E nada de palavras. Quis fazê-lo sentir a essência de Deus diante da vida. Mas escutava somente sua voz, aumentando analogicamente nossas aflições.
Ver-te em olhos perecidos é perecer-me o meu também. E senti-lo amável e maduro diante das circunstâncias cruéis que a vida nos impele...
“Preciso de você.” Escutava em silêncio nos teus olhos.
“Minha querida, havia tantas crianças naquele lugar. Mas elas sempre pareciam felizes, como se suportassem tudo o que lhes aconteciam.”
Sorri serenamente um sorriso singelo.
“ Toma como valor à tua vida tudo isto. E vê que a vida não é esta alusão à própria morte. E que apesar dos encalces, tem sempre uma flor que germina com o tempo. A todo o tempo.”
“Estou sentindo dores nas pernas.”
“Eu também, meu querido. Mas parece que nossas mãos estão sempre entrelaçadas...”

Carol de Abreu

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