domingo, 31 de maio de 2009

Clara


Clara

Romperam-se os laços como se me tivessem retirado um amontoado de sonhos. Lembro-me que me socorreram quando abismei o chão e vi uma espécie de penumbra encobri-me a vista.
Era uma tarde ao início da noite corroendo-me as veias. Havia muitas pessoas intercaladas ou berrantes ao meu lado como se nada houvesse. E realmente não havia - para estas.
Depois do inconsciente as estrelas no céu pareciam sintonizadas em alguma espécie de sentidos meus. As nuvens eram totalmente desproporcionais à minha vista então branca alucinante. Havia crianças rondando as árvores e sorrindo.
Não saberia dizer o que era e onde estaria eu com todas aquelas imagens em uma visão de um outro mundo sonoro. Senti uma pressão imensa em meu corpo quando caminhei em direção às árvores enormes. Tomei um gemido agudo, mas as crianças não escutaram o alarido.
Veio-me à mente não sei de onde meu próprio rosto pálido e adormecido. Multidões dissonantes. Mas estava eu ali. Uma loucura esta visão!
Agoniou-me o corpo como se eu fosse perecer diante daquelas maravilhas misteriosas que eu admirava com algum receio. Palpitei minhas mãos entre as estrelas como se as tocasse, com uma imensa dor inefável e em alguma parte de mim.
De repente! Foi assim. De repente lancei-me sem precisão ou desejo novamente àquela multidão olhando abismada para mim. Estava de volta a um verdadeiro abismo agudo.
Fixei a multidão com os olhos mortos, pois a sua luz jazia naquela outra “dimensão”.
Impulsionaram-me, levantando-me, novamente a tudo aquilo.

Carol de Abreu

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