terça-feira, 20 de outubro de 2009

Emblema



Sol, calor escaldante sobre suas vistas. Acariciando as testas cansadas de caminhar por onde a vontade quisesse que fossem. Por aí. Rondando os ares a trocar palavras sensatas e adversas.
Velha roupa, pintada de azul, brilhando. Mente aérea, receosa, dúvidas imensas. Seres voadores, viajantes.

“Acho que já caminhamos por muito tempo por entre essas estradas. E o sol parece torrar meus pés!”
“Sim. Pelo jeito teremos de parar um pouco a caminhada.”
“Olha! Vamos descansar perante a sombra daquelas árvores.”

À base de uma enorme árvore sentaram-se em menção de não mais levantar. Um cansaço árduo. Mas não pareciam desistir de uma jornada longa que haveriam de prosseguir.
Sombra, água, companheirismo.

“Ótimo. Aqui está muito bom...”
“Não sei por que sentes que devo seguir.”
“Sei que sabes. Teu coração é quente e acolhedor.”
“Talvez possa ser. Sinto que os deixo bem. Mas não sei por que segues comigo.”
“Não se faça de escuridão à tua face. Não combina nada contigo. Sigo contigo porque devo seguir e não importa o que me digas, eu estarei notoriamente em tua presença.”
“Agradeço-te tua magia, luz, contato das minhas mãos. Sinto-me a rondar este turbilhão de formas que aparecem em meus olhos. E posso desvendá-las com o tempo que vamos indo.
“Como és! Não tenha medo de evidenciá-las. São tuas. E te faz ser. Aparecem para que possamos estar fortalecidos sobre nós próprios. E serão belas depois de um tempo. Creia. ”
“Que confusões... ”
“ Que ser engraçado que és! Por isso gosto de estar aqui. Gosto da tua alma.”

Sol, calor escaldante sobre suas vistas. Um vento forte e fresco soprando as folhas e seus cabelos molhados. Avistaram-se sem troca alguma de palavras, somente comprovando os teores das almas tão avessas.
De repente uma flor desaba no chão tão delicadamente que lhes roubam a atenção de um modo tão bucólico...

“Não a vi cair de lugar algum.”
“ Sim. Parece até que nos veio voando. Sem rumo assim como nós. ”
“Ela parece sem rumo. Mas está tão bela e perfumada. ”
“Veja só! Não tem uma das pétalas. ”
“Sim... E voa sobre os ventos com o mesmo ar que pudemos tê-la encontrado. ”
“Está indo novamente! Mas como pode? ”
“Silêncio. Ela renova-se a cada lugar, até que possa fixar seu perfume em cada um deles. Ela não é egoísta.”

Fora subindo aos ares a flor tão bem disposta depois de exalar seu perfume afável. E o vento rude a levou até que suas vistas não avistassem mais sua beleza tão delicada e pura.
Alguém abaixou a cabeça como se pudesse sentir a alma de outrora ou ver rostos no abismo de seus olhos.

“Preciso ir até lá. Àquele lugar onde minha alma derrama leveza, onde minha mente não perdura nenhum pensamento afoito. Onde meus risos são verdadeiros, os ventos são calmos, o céu estrelado. Onde me encontro comigo.”
“Vamos... Seguir-te-ei.”
“As pessoas são estranhas quando você é um estranho...”
“É o sabor do egoísmo demasiado nos humanos. Cordialmente visto por nós. Sois grandes mentes comedidas, à custa do tempo, à espera dos ventos. Não tenho a competência de julgá-los, mas de admitir os fatos. Não toque na luz, terno ser. Porque ela virá a ti. Continuemos a andar, pois precisamos ainda achar o caminho.”
“Certo. Não sei por que não evidencia a verdadeira estrada.”
“Ela está em ti. Preciso guiar-te somente. Não se preocupe. Vamos somente buscar estrelas e voar junto à elas."

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